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O unguento venusiano e o poder do erótico como saída para o adoecimento psíquico

Atualizado: 25 de abr. de 2024

Já ouviu falar de Animus Negativo? Ou sente dores e tensões insuportáveis por todo o corpo, excesso de autocrítica, rigidez e alta exigência consigo? Nesse post falo sobre o princípio feminino, que une as partes, cicatriza, sobre o bálsamo de Eros!

Foto: Helena Cooper. Direito Adquirido.


Emma Jung traz em seu livro Animus e Anima uma perfeita colocação de um estado erótico - esse estado de arrebatamento, o deslocamento da libido da consciência para a um mundo desconhecido e profundo. Quando somos magnetizadas pela arte, tocadas por uma música, envolvidas por uma dança... Já percebeu que quando você está nesse estado, o tempo pára? Que quando você volta, não sabe dizer conscientemente o que aconteceu nesse entretempo? É um tempo fora do tempo. É nesse estado erótico que o animus negativo não tem acesso; que sua espada penetrante não tem poder de corte.

"A música tem condição de permitir o acesso a profundezas onde o espírito e a natureza são ainda ou novamente um, por isso ela constitui uma das formas principais e mais primitivas na qual a mulher vive o espírito de modo absoluto. Daí também o importante papel que a dança e a música como formas de expressão representam para a mulher. A dança-ritual está claramente baseada em conteúdos espirituais. O arrebatamento para as regiões cósmico-musicais distantes da nossa consciência, que é obra desse espírito, constitui uma contrapartida à mentalidade consciente da mulher, voltada para outro lado, (o inconsciente), para o que está mais próximo e mais pessoal.”

Por isso é uma indicação suprapessoal, desenvolver-se em alguma expressão artística, pela higiene mental, saúde e fortalecimento psíquico.


(…) a música é o espírito que leva a lugares escuros e remotos, não mais acessíveis à consciência, e cujos conteúdos quase não podem mais ser concebidos por palavras, sobretudo pelo sentimento e sensibilidade. Pág 58

Essa espada do masculino em Logos, que corta, divide, fere, se opõe à Eros, através de uma intensidade de pensamentos de autocrítica, perfeccionismo exagerado, autojulgamento, medo excessivo da opinião alheia, autocobrança, rigidez e exigência exacerbada consigo, autopunição, pode desencadear uma série de sintomas físicos, como dores crônicas e tensões por todo o corpo, principalmente nos ombros, pescoço costas. Uma atuação prolongada dos efeitos do animus negativo, pode provocar efeitos mais sérios e drásticos, desde à quadros graves de ansiedade, pânico, patologias, neuroses... uma sobrecarga e um peso descomunal na cabeça e no corpo, dificuldade em se relacionar, de trabalhar seus sonhos e projetos, pois aqui se aguda a atuação da "síndrome da impostora" e tudo vira um ciclo interminável de fadiga, exaustão. Pode afetar também diretamente a qualidade do sono e dos sonhos, causando terror noturno, pesadelos, insônia.


Se você reconhece em si alguma dessas características e se identificou com esses efeitos, saiba que tem saída. Eu passei 3 anos num estado de tensão tão grave que desencadeou síndromes dolorosas nas minhas fáscias, dores agudas e crônicas. Fazia sessões quase que diárias de fisioterapia e acupuntura para suportar o processo. Não recorri à ansiolíticos ou qualquer recurso que oferecesse alívio temporário. Iniciei um expedição interior à raiz dessa opressão.


Como não há nada milagroso em se tratando de trabalho interior - precisei atravessar o portal que se apresenta a todas nós em algum momento da vida: o Encontro com as Sombras.


Indo direto ao ponto, vou deixar pra um outro post o relato mais detalhado do processo, mas as ferramentas que mais me ajudaram (e tem comprovação teórica) e que acessei depois de muito estudo de psicologia junguiana:


  • O estudo dos Sonhos;

  • O estudo das Sombras;

  • O estudo do Animus, da Psique Feminina e das forças arquetípicas através da jornada de alma no Tarô;

  • Nutrição interior, autocuidado, a dança, a alimentação, a criação.


Mesmo que ficasse tudo ali, só pra mim, eu nunca parei de criar, mesmo com todo o peso desses efeitos negativos - e isso me manteve firme, desenvolvendo fortalecimento psíquico, me mantendo sã e o mais distante possível de pensamentos circulares e sensações de torpor. Emma Jung chama esse lugar que podemos ir através do lúdico como "espinho do sono" um mundo de fantasias, de contos de fadas, onde as coisas são como se deseja, e estão estruturadas para compensar as "agruras do mundo exterior."


Após a consciência desses estudos, janelas se abriram, porque passei a entender mais as dinâmicas do inconsciente e a forma de se trabalhar o animus negativo até ele se positivar.


Se nunca ouviu essa expressão, o"Animus", como diz Jung, é a contraparte masculina de toda pessoa que se entende como mulher. Não é uma questão de gênero, é energética, uma força do inconsciente coletivo que a partir de uma tomada de consciência pessoal da existência dela, se torna mais pessoal, uma relação se inicia e como em toda relação passa a se tornar mais confiável.


Não acredito em acasos e se você chegou até esse material, é porque sua alma sabe o caminho. Sinta-se apresentada a esse universo. Fique tranquila que os primeiros contatos com o inconsciente podem ser caóticos, porque é um encontro com o desconhecido, obscuro. Persista, força, confia nas suas buscas!


Aproveito para deixar um material para te inspirar a viver o poder de se erotizar, que é onde essa opressão anuvia. Um texto da minha biblioteca de bálsamos, escrito por Audre Lorde. Uma ótima jornada e leitura!


Clique abaixo para baixar o texto, boa leitura e nos encontramos nessa jornada de alma:



Wanessa Luz

Pesquisadora das artes divinatórias, oraculista dos sonhos e do tarô, logoterapeuta e terapeuta junguiana em formação


Nota: O princípio feminino erótico é atribuído às funções: sensação e intuição, tem uma lógica própria, não se opõem ao Logos, a razão, atribuída ao princípio masculino (função sentimento e pensamento)... sua atitude não é de se opor. Eros é o reunidor, ele junta o que foi separado, religa, tem em si virtudes do "religare". Não é a mulher em si, mas a natureza do próprio feminino que pode me manifestar em qualquer gênero.






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